quinta-feira, 30 de setembro de 2010

La Conga


E no final das contas:
- Olha só, o que acontece é que nessa situação, para Lacan, o sujeito reconhece a diferença no outro e tenta anulá-la repudiando o objeto, que passa a ser, então, odiado.
- ...
- Lacan o cacete, eu quero Lacon... LaCONGA!

(Espressos da Coluna por Milla Scramignon, Armazém do Café, Centro, Rio de Janeiro, 30.set.10)

Descoberta da Coluna: Conga, café cultivado no cerrado baiano, aroma e sabor suave, acidez leve, com uma discreta nota de pimenta, por R$ 57,00 (Kg), à venda no Armazém do Café em embalagens de 500 gr e 250 gr.

Rua do Ouvidor 77, Centro, Rio de Janeiro.
Café do Armazém espresso: R$ 3,30.
Tirado por Hiolanda: creme espesso, cor marrom-claro, aroma e sabor suave, no melhor estilo "cafézinho da casa da vó".
Padrão de qualidade Coluna Café: Saborosíssimo.


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Sustentável



("Cheers" por Apixx, Áustria, 2007)

Fina que é, hoje, no Café, minha amiga não falava em outra coisa senão no evento pró-coisas-sustentáveis que ela foi ontem com um grupo seletíssimo de amigos - pergunta se eu fui -  num dos bairros mais charmosos do Rio de Janeiro. Evento daqueles para todo mundo sair cheio de idéias na cabeça e muita esperança no... hoje. Daqueles que merecem muitos e muitos tim-tins. E cada minuto da ressaca do dia seguinte.  

Pois é. Esse foi o evento.

Lá pras tantas, quando as perninhas já não conseguiam mais se entender direito, disse minha amiga que sairam eles para um último café antes de irem para casa - sim, café na madruga é a salvação dos emborrachados por uma causa é ecológica -, quando, já dentro do táxi, percebeu um deles que trazia na mão uma tacinha da festa, ainda cheia de prosecco. O mais curioso, segundo minha amiga eco-chique-ligeiramente-ressacada, foi o interesse do ser humano naquela situação querendo saber de um psicanalista que estava no grupo, no mesmo estado, o que poderia significar esse sintoma de levar taças das festas.       

E então, segundo ela, no início, fez-se o silêncio.

Em seguida, disse que pôde ouvir um tilintar de taças sustentadas lá do banco de trás do carro. E isso era tudo o que se lembrava... ou alguma coisa parecida com isso.


(Espressos da Coluna por Milla Scramignon, Déguster Café, Centro, Rio de Janeiro, 29.set.10)

Déguster Café
Rua Pedro Lessa 35, Centro, Rio de Janeiro.
Café Rubro espresso: R$ 2,80.
Tirado por Monique: creme espesso, cor homogênea caramelo-escuro, aroma e sabor intensos, do jeitinho que as blogueiras gostam.
Padrão de qualidade Coluna Café: Delícia


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Café Afrodisíaco


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100 ml de café expresso
2 colheres (chá) de licor amaretto
1 colher (chá) de gemada
1 pitada de canela
2 colheres (chá) de chantilly e alguns grãos de café

Modo de Preparo:
Para a gemada, reserve uma gema, uma colher de açúcar e uma pitada de canela. Belisque delicadamente a gema - e por enquanto só a gema - para retirar o alvéolo - não confunda! - que a recobre e, em seguida, bata os ingredientes no mixer por 3 minutos até ficar um creme bem clarinho - sem comentários.
Em seguida, em uma xícara coloque o espresso de sua preferência, o licor, a gemada e misture bem. Acrescente o chantilly - no café, atenção! - e polvilhe com canela. Para finalizar, decore com alguns grãos de café - se ainda houver tempo para isso, lógico.

Aviso aos leitores: As escritoras desta Coluna ainda não testaram a receita e comprometem-se a voltar ao tema tão logo façam as devidas medições de "afrodisiaquidade" para que possam, assim, emitir suas criteriosas impressões.    

(Fonte: Culinária Terra)
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(Espresso Le Chocolatier por Milla Scramignon, Rio de Janeiro, 23.set.10)

Le Chocolatier
Avenida Presidente Wilson 165, Loja A, Centro, Rio de Janeiro.
Café Danza
espresso: R$ 2,90.
Tirado por Mariela: creme pouco espesso, cor homogênea marrom-claro, aroma e sabor suave.
Padrão de qualidade Coluna Café: Suave.


domingo, 26 de setembro de 2010

Eugênio Almeida

Por Isabela Dantas

("Eugênio Almeida", ilustração de Milla Scramingnon, 2010)

Dia desses, como de costume, pedi a conta ao garçom para voltarmos ao trabalho, mas antes que ela chegasse fui surpreendida pelo susto de minha amiga que, da janela do Café, avistou  A Mulher do Barba Branca depois de tantos anos. Pensei na hora - O Centro da cidade é realmente uma vila.

A história da Mulher do Barba Branca eu já conhecia de longa data, mas estar diante de personagem assim, quase folclórico, era praticamente um privilégio. Como já nos divertimos e sofremos com as peripécias e as dores da Mulher do Barba Branca...

Há alguns anos, minha amiga costumava frequentar um bistrôzinho perto do Paço às sextas-feiras depois do trabalho. Era um lugarzinho charmoso, aconchegante, com uma clientela quase cativa daquelas cinco mesinhas estilo italiano que compunham o ambiente. A Mulher do Barba Branca era uma delas. Sempre acompanhada do Barba Branca, claro.  

Eles chegavam discretamente, um de cada vez, sentavam-se na mesinha do fundo, e conversavam reservadamente por uma ou duas horas, nunca mais que isso. O Barba Branca olhava o garçom com uma cumplicidade invejável a muitos casais e, em menos de 20 segundos, já tinha em suas mãos a carta de vinhos. Pedia sempre o bom e velho Eugênio Almeida, cumpria todo aquele ritual de conferir a safra, girar a bebida na taça, sentir o aroma, testar o paladar e balançar a cabeça em seguida, em sinal de aprovação, para que o vinho fosse, enfim, servido. A Mulher do Barba Branca a tudo observava em silêncio, sem qualquer interferência.

Assim foi por meses e meses a fio, até que, numa sexta-feira, a mesinha do fundo permeneceu vazia. Semanas se passaram e nada. Outros clientes passaram por ali, rostos novos se alternaram, mas do casal, nem sinal.

Dois meses depois, numa sexta-feira abafada, eis que o improvável acontece:  acompanhada de duas amigas,  de celular em punho, adentra o bar a mulher do Barba Branca, esfusiante, dirigindo-se imediatamente à mesinha do fundo. Acomodou-se sem cerimônia, aguardou que suas companheiras fizessem o mesmo, mirou o garçom com o semblante da cumplicidade aprendido ao longo de meses e meses de observação e, com a carta de vinho em mãos, em menos de 20 segundos pediu o bom e velho Eugênio Almeida, para não arriscar. Apreciou a imagem do rótulo, girou a taça sem muita delicadeza, sentiu o cheirinhinho - mesmo demonstrando não saber exatamente o que estava avaliando -, deu uma boa talagada e falou pro garçom mandar ver.

As amigas alvoroçadas com a desenvoltura da anfitriã, não contiveram os cochichos ao perceberem a entrada do Barba Branca com um buquê de rosas vermelhas que trazia para a Mulher, ao telefone nesse momento. Segundo minha amiga - sempre lacrimosa ao lembrar esta passagem... de tanto gargalhar -, com um sorriso pacificador nos lábios, o homem bradou em alto e bom som - Eu vim para ficar! E absolutamente embaraçada com a situação, a mulher só conseguiu proferir a palavra "HOJE?", em tom desesperado, antes que seu marido, que estacionava o carro lá fora, também entrasse no bar e flagrasse a constrangedora cena em seu ponto mais alto.
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Bom, o que aconteceu depois do barraco armado em pleno bistrô, naquela sexta-feira, ninguém sabe. Minha amiga, fina que é,  nunca mais frequentou o lugar, mas teve notícia de que a Mulher do Barba Branca ainda é vista por lá, sempre acompanhada de Eugênio Almeida, mas, daquele dia em diante, amarga como um café robusto.

  
(Os espressos da Coluna por Milla Sramignon, Grão Café, Centro, Rio de Janeiro, 23.set.10) 

Rua Rodrigo Silva 18, Centro, Rio de Janeiro.
Café Grão Café espresso: R$ 3,30.
Tirado por Vanuza: creme pouco espesso, cor homogênea marrom-claro, aroma intenso e sabor forte.
Padrão de qualidade Coluna Café: Forte



sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Cremosinho, mas ordinário!


 
(Vídeo de Milla Scramignon, Casa do Pão de Queijo, Centro, Rio de Janeiro, 24.set.10)

Rua Rodrigo Silva 42, Centro, Rio de Janeiro.
Café Espresso: R$ 2,50.
Padrão de qualidade Coluna Café: Ordinário

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Espresso



(“Os Prédios do MEC” por André Mendonça, Centro, Rio de Janeiro, 2006)


Como faço todos os dias, saí do trabalho em direção ao Café e, sem perceber, me peguei a passos largos pela Rua da Imprensa.

Pensei comigo – Se não estou atrasada, por que a pressa? E mesmo sem uma boa resposta, percebi que a simples pergunta serviu para apaziguar o ritmo e sossegar os ânimos.

Fui sentindo o coração desacelerar e me dei conta de que estava em pleno jardim do Palácio Capanema, antiga sede do Ministério da Educação, meu canto favorito no Centro da cidade. Não sei bem por que. Ou talvez saiba: os pilotis extremamente altos, a ausência de paredes, os azulejos de Portinari, o vento que sopra o tempo todo, as lembranças dos movimentos estudantis da adolescência, sempre me fazem sentir tão pequena, tão alforriada, que só os que já se libertaram alguma vez podem entender do que estou falando. 

Olhei à minha volta e, para absoluta surpresa, percebi que naquela tarde ninguém mais corria pelas ruas. Ninguém bufava ou entristecia. A morena em seu uniforme cinza fazia confidências ao telefone. O senhor da banca de jornal quase perdia a cabeça ao apreciar a passagem da bela morena. Os ambulantes entoavam novas rimas para atrair a freguesia enquanto a polícia não vinha. As crianças em algazarra na primeira excursão escolar. Os automóveis em silêncio. Os semáforos todos verdes. Na porta do Café, minha amiga impressionada com a sublime desfaçatez do casal que se beijava ardorosamente em plena via pública. Tudo na mais perfeita harmonia.

Vamos ao espresso.


(Isabela Dantas por Milla Scramignon, Focaccia Café, Centro, Rio de Janeiro, 21.set.10)

Livraria da Travessa, Rua Sete de Setembro 54, sobreloja, Centro, Rio de Janeiro.
Café Florença espresso: R$ 2,80.
Tirado por Helaine:  creme espesso, cor homogênea caramelo-escuro, aroma e sabor intensos, como pede o figurino.
Padrão de qualidade Coluna Café: Delícia


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Coluna Café

("Boom do Café" por Camilla Maia, Escola do Café, Itaipava, Rio de Janeiro, 2006)

Centro da cidade. Milhares de pessoas passam de um lado para o outro sem parar, atarefadas, empenhadas, atrasadas ou não, a caminho, apressadas, pensamento longe, enquanto nós, da janela do Café, apenas apreciamos a vista. E saboreamos um bom espresso.

Em breve, Coluna Café.
Aguardem.

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